Confirmado novo Governador do Rio de Janeiro, Juiz Witzel segue ‘linha Bolsonaro’
Governador eleito pelo Rio de Janeiro, Juiz Witzel terminou a corrida eleitoral com mais de 55% dos votos válidos
Com 96% das urnas apuradas, o juiz Wilson Witzel já não poderia mais ser alcançado pelo ex-prefeito do Rio de Janeiro Eduardo Paes. Com 4,4 milhões de votos e 59% da porcentagem entre os eleitores, Witzel começou a disputa com 1% das intenções de voto, em agosto. Dois meses depois, terminou o primeiro turno com 41% dos votos, isolado em primeiro lugar.
O ex-juiz federal ou importantes figuras políticas do estado na disputa, como o ex-prefeito do Rio Eduardo Paes (DEM), que liderava todas as pesquisas até a votação e ficou em segundo lugar, o senador Romário (Podemos), ex-jogador campeão do mundo, e o ex-governador Antony Garotinho, que acabou sendo impedido pela Justiça Eleitoral de concorrer.
Até a véspera da eleição, as pesquisas mostravam que o segundo turno seria disputado entre Paes e Romário, mas Witzel ou os dois na reta final. Com discurso linha dura, o ex-magistrado aparece com reais chances de vitória nas sondagens do segundo turno no Rio de Janeiro.
Entre as promessas de Witzel estão “enquadrar os corruptos” e dar carta branca para a polícia atirar. Segundo o jornal O Globo, o candidato do PSC esteve no ato em que bolsonaristas quebraram uma placa em homenagem a vereadora Marielle Franco (PSOL). Ela foi assassinada em março e o crime ainda não foi solucionado.
Apoio a Bolsonaro impulsionou candidatura
Para o cientista político da PUC-Rio Ricardo Ismael, muitos fatores explicam a virada de Witzel no Rio de Janeiro. O principal é aproximação com o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL). “Houve uma associação do Witzel com o Jair Bolsonaro. O Flavio Bolsonaro [filho do presidenciável eleito senador no estado] ou a fazer algumas aparições públicas com o Witzel”, ressalta.
Outra vantagem para o ex-juiz, segundo o cientista político, é o fato de não ter pertencido a nenhum governo. Enquanto isso, Eduardo Paes foi prefeito da capital do estado e acabou desgastado em uma série de escândalos que envolveram o seu ex-partido, o MDB, e antigos correligionários.
Witzel deixou a magistratura no início do ano para concorrer à vaga. “De certa maneira, aqui no Rio de Janeiro está se encerrando o ciclo do MDB. O Witsel não está envolvido em nenhum escândalo, não participou de nenhum governo”, ressalta.
Além disso, as pautas defendidas pelo candidato do PSC encontram eco no eleitor do estado, que a por uma intervenção federal na área da segurança. “Aqui você tem um problema muito grave de segurança pública e a ideia de ter uma política mais forte nessa área tem repercussão”, diz Ismael.
Trajetória dos votos em Witzel
Na primeira pesquisa Ibope divulgada após o registro das candidaturas, Witzel tinha 1% das intenções de voto – 3% dos votos válidos. O ex-juiz ficou abaixo dos 10% dos votos válidos até a véspera da eleição. Na pesquisa realizada pelo Ibope e divulgada no dia 6 de outubro, ele aparecia em terceiro lugar, com 12% dos votos válidos – 10% dos votos totais.
Até então, o segundo turno estava desenhado entre Paes, que no dia 6 de outubro tinha 32% dos votos válidos, e Romário, que tinha 20% na mesma pesquisa. A pesquisa boca de urna divulgada pelo Ibope assim que as urnas foram fechadas, porém, apontava uma surpresa. Witzel apareceu com 39% dos votos válidos, seguido por Paes, com 21%. Romário, nesse levantamento, caiu para 9%.
Agora, no segundo turno, já era favorito. Começou com 60% das intenções de votos totais pelo Ibope. Dia 23 de outubro, caiu para 56%. Na boca de urna, ficou com 55%.
Perfil
Ex-titular da 6ª Vara Federal Cível, o juiz Wilson Witzel deixou a magistratura no último dia 2 de março, mesma data em que se filiou ao Partido Social Cristão (PSC). Ele atuou por 17 anos como magistrado, julgando processos criminais em varas do Rio de Janeiro e do Espírito Santo. Witzel também atuou em varas de execução fiscal e foi presidente de turmas recursais do Rio de Janeiro entre 2014/2016.
Nascido em 1968 em Jundiaí (SP), é formado em Agrimensura pela Escola Técnica Estadual Vasco Antonio Venchiarutti e trabalhou como topógrafo na construção de estradas em São Paulo. Mudou-se para o Rio de Janeiro aos 19 anos após concluir o curso de formação de oficiais da Marinha do Brasil.
Começou a vida pública como 2.º tenente de artilharia do Corpo de Fuzileiros Navais, foi servidor do município no Previ Rio e também defensor público do Estado. Em 2001, ingressou na magistratura. De 2014 a 2016, ele exerceu o cargo de presidente da Associação dos Juízes Federais do Rio de Janeiro e Espírito Santo (Ajuferjes).
Ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Witzel declarou possuir apenas uma casa no valor de R$ 400 mil. Até agora, o candidato já declarou ter gasto R$ 2,2 milhões em campanha. Ele arrecadou R$ 2,4 milhões, segundo a prestação de contas parcial disponível na Justiça Eleitoral. A maior parte dos recursos veio do PSC: R$ 1,8 milhão. Witzel também arrecadou outros R$ 329 mil em doações de pessoas físicas. Ele tirou do próprio bolso R$ 230 mil para gastar na campanha.
Metodologias das pesquisa citadas
20 de agosto: Pesquisa realizada pelo Ibope de 17/ago a 20/ago/2018 com 1204 entrevistados (Rio de Janeiro). Contratada por: Rede Globo. Registro no TSE: RJ-03249/2018. Margem de erro: 3 pontos percentuais. Confiança: 95%.
10 de setembro: Pesquisa realizada pelo Ibope com 1.204 entrevistados (Rio de Janeiro). Contratada por: REDE GLOBO. Registro no TSE: RJ-01952/2018. Margem de erro: 3 pontos percentuais. Confiança: 95%.
19 de setembro: Pesquisa realizada pelo Ibope de 16/set a 19/set/2018 com 1.512 entrevistados (Rio de Janeiro). Contratada por: REDE GLOBO. Registro no TSE: RJ-00470/2018. Margem de erro: 3 pontos percentuais. Confiança: 95%.
25 de setembro: Pesquisa realizada pelo Ibope com 1.512 entrevistados (Rio de Janeiro). Contratada por: REDE GLOBO. Registro no TSE: RJ-08813/2018. Margem de erro: 3 pontos percentuais. Confiança: 95%.
3 de outubro: Pesquisa realizada pelo Ibope de 30/set a 02/10/2018/ com 2.002 entrevistados (Rio de Janeiro). Contratada por: EDITORA GLOBO E REDE GLOBO. Registro no TSE: RJ-04634/2018. Margem de erro: 2 pontos percentuais. Confiança: 95%.
6 de outubro: Pesquisa realizada pelo Ibope de 4/out a 6/out/2018 com 2.002 entrevistados (Rio de Janeiro). Contratada por: REDE GLOBO. Registro no TSE: RJ-02500/2018. Margem de erro: 2 pontos percentuais. Confiança: 95%.
7 de outubro: Pesquisa realizada pelo Ibope/Boca de Urna em 7/out com 2.600 entrevistados (Rio de Janeiro). Contratada por: IBOPE INTELIGENCIA PESQUISA E CONSULTORIA. Registro no TSE: RJ-06174/2018. Margem de erro: 3 pontos percentuais. Confiança: 99%.
17 de outubro: Pesquisa realizada pelo Ibope de 15/out a 17/out/2018 com 1.512 entrevistados (Rio de Janeiro). Contratada por: REDE GLOBO. Registro no TSE: RJ-04021/2018. Margem de erro: 3 pontos percentuais. Confiança: 95%.
25 de outubro: Pesquisa realizada pelo Ibope de 20 a 23 de outubro com 1.512 entrevistados (Rio de Janeiro). Contratada por: REDE GLOBO. Registro no TSE: RJ-07513/2018. Margem de erro: 3 pontos percentuais. Confiança: 95%.
28 de outubro: Pesquisa realizada pelo Ibope em 28/out com 2.600 entrevistados (Rio de Janeiro). Contratada por: IBOPE INTELIGENCIA PESQUISA E CONSULTORIA. Registro no TSE: RJ-02363/2018. Margem de erro: 3 pontos percentuais. Confiança: 99%.